Nossa Clínica

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pseudointelectual.com.br | existencialismo para o pseudointelectual moderno - - Posts recentes x Posts recentes Pesquisa pseudointelectual.com.br existencialismo para o pseudointelectual moderno literaturaOnde passear com um gringo em São Paulo? Eu sei. MASP, mercadão, prédio do Banespa, praça da república. Mas para onde mais? Recebi mais de 20 estrangeiros via CouchSurfing em São Paulo e tento aqui sumarizar meus lugares preferidos (e deles também).Andar pela avenida Paulista é certamente um grande programa. Calçadas largas com sua própria cara. Andando da estação consolação para a Paulista, recomendo visitar o Conjunto nacional, que tem a Livraria Cultura, há Parque Trianon, o MASP (terça-feira gratuita e um restaurante bacana no andar de baixo), Itau Cultural, a Casa das Rosas. Importante: há um ponto de informações turisticas na Av. Paulista, 1853. Das 9 as 6 da tarde.Nessa mesma região da Augusta há o Soul Café, o restaurante Balaio do Mocotó e o Acai Beach Bar, onde há o encontro semanal dos couch surfers. Dali é possível descer em direção aos Jardins e oscar freire.Na região do parque Ibirapuera temos o MAM, o MAC, o Museu da Consciencia Negra e o restaurante Vista, um rooftop que vai fazer os gringos te agradecerem. A vista é estonteante para o parque e o obelisco. O instituto Butantã, o Zoológico e o jardim Botânico chamam bastante atenção para os gringos, mas ficam em pontos afastados da cidade.Alguns acham brega, mas a grafite na Vila Madalena e o Beco do Batman fazem bastante sucesso, além de poder andar nos barzinhos, cafés, docerias e livrarias da região. Recomendo o La da Venda.Chegando mais ao centro, temos o Pateo do Colégio, o centro cultural do Banco do Brasil, a praça São Bento (que tem canto gregoriano aos domingos). Subir no prédio do Santander (antigo Banespão) oferece uma vista linda e um café. Agende com antecedência. O edificio Matarazzo é um desses grandes e antigos com muita história (sendo desapropriado dos italianos na segunda guerra). Oferecia visita no topo, mas não mais. A partir dali, para chegar ao essencial Mercado Municipal, passar pela Ladeira Porto Geral e 25 de março são experiências antropológicas. Cuidado com os preços do mercadão. Se for dar uma fruta diferente para o seu amigo, eu aconselho o mangostim.Tem muitas outras coisas para conhecer: Parque da Luz, Estacao da Luz, o machucado Museu da Lingua Portuguesa, a incrível Pinacoteca e a Sala Sao Paulo, OSESP. O bairro da Liberdade agrada muitos, sendo que sábado de manhã há uma grande feira na região. Basta descer no metro. Para visitar a noite, há o forró do Canto da Ema, o samba no Ó do Borogodó, ambos bem roots e que deixam qualquer gringo feliz. O bar Seu Chico e o Centro Cultural Rio Verde são excelentes opções.Eu não gosto, mas os gringos curtem bastante o Museu do Futebol no estádio do Pacaembú.E para comer? Infinitas possibilidades. Mas eu indico o sushi do Kan Sushi (precisa reservar, ha apenas 8 lugares), a coxinha do Veloso, o pão de queijo do la da Venda, um pastel e caldo de cana da feira, um brigadeiro, queijo coalho e carne seca. A pizzaria pode ser a Esperança ou a Quintal do Braz.Tweet Padrão cotidianoChocolates Bean to Bar no Brasil, por onde começar? Chocolate Bean To Bar é algo que está na moda entre os foodies e gourmets. É aquele chocolate onde o próprio produtor realiza todo o processo de criação desde a amêndoa (grão) do cacau até o chocolate final. Isto é, não vale derreter chocolate já existente, misturar com outras coisas, e criar o produto. Precisa fazer todo o processo. Isso gera chocolates com sabores bem distintos um dos outros. E normalmente são utilizadas amêndoas de melhor qualidade. Há algumas outras questões sobre o que deve ser considerado chocolate bean to bar ou não: vale colocar emulsificante? vale inclusões como castanha de caju? vale o tal “chocolate branco”? Acho que nada disso importa muito. O importante é que o produtor não esteja derretendo chocolates que nem mesmo a origem conhecemos. Não é à toa que, muitas vezes, os chocolates bean to bar vem com o nome da fazenda, cidade e estado onde o cacau foi colhido. É o “chocolate de origem”. Algo muito próximo do que ocorreu com o café nas últimas décadas depois do raio gourmetizador. Inclusive a secagem, torra e moagem são processos que também definem o sabor de cada chocolate.No Brasil há uma assoaciação, a Bean To Bar Brasil, que inclusive organizou em 2018 uma primeira feira de produtores bean to bar. Comprei diversos lá mesmo, direto com quem coloca a mão da amêndoa do cacao: Vou dar só uma passadinha na feira de chocolates de origem! @beantobarbrasilA post shared by Paulo Silveira (@peass2) on May 5, 2018 at 9:54am PDT Quero citar alguns deles, que são meus preferidos. Todos são caros, alguns mais caros :). Eu comecei com a Casa Lasevicius, que produz dezenas de diferentes tipos de chocolates das variadas fazendas do Brasil e do mundo. O Bruno e a Claudia produzem muitos chocolates com o mesmo teor de fazendas e tipos de cacau diferentes, o que faz a gente aprender que chocolates 70% podem ter cores, aromas e sabores muito distintos. Infelizmente é difícil de comprar online e você só encontra em alguns empórios e cafés hipsters em São Paulo.Depois eu conheci o chocolate da Luisa Abram, que durante um tempo era utilizado no restaurante Tuju. Além de ser uma obra de arte, ela utiliza apenas cacau das comunidades ribeirinhas da Amazonia. O mais importante: é o único chocolate que eu comi sorrindo a variação acima de 80%. A Luisa recentemente ganhou vários premios da academia de chocolates de Londres, incluindo a cobiçada medalha de ouro para o seu chocolate 70% do Acari. Merecido.O La Galette eu conheci mais recentemente. Apesar de o chocolate 70% deles ser muito amargo para o meu gosto, eles tem um “dark milk” de 56% que é muitíssimo doce! Esse talvez não seja a melhor e mais saudável forma de comer bean to bar, mas é o que mais tenho comprado. O 40% ao leite com castanha de caju é bastante premiado, mas dá-lhe açúcar.Agora vem dois que são praticamente impossíveis de se comprar online e também de se encontrar em São Paulo. Mission Chocolate é a referência de todos esses fabricantes. A Arcélia é uma americana que fala um português fluente e trabalhou no famoso Dandelion de São Francisco (comi alguns e não gostei tanto asssim, prefiro os da Mission!). E uma surpresa que conheci na feira de bean to bar: Cuore di Cacao, de Curitiba. Uma barra de 70% com amendoa e sal. E outras criações com especiarias, coentro e outras cositas.Esses são os meus preferidos. Há muitos outros bem famosos e muito bons, que podem agradar mais a você. Temos o Mestiço, Dengo e Raros Fazedores de Chocolates. Há alguns produtores maiores fazendo bean to bar, mas já com a cara de indústria grande. A Amma Chocolates (que tem um 80% cupuaçu que merece ser conhecido), a linha Pratigi da Chocolat du jour, entre outros.Se está na dúvida do que comprar para começar a experimentar esse tipo de chocolate, eu diria para você comprar 3 deles. O 70% vermelho da Luiza Abram, o Dark Milk 56% da Gallete e a barra 70% com amendoa e sal da Cuore Di Cacao.No Chocolatras Online é possível encontrar posts e eventos relacionados ao bean to bar. Lá também tem um vídeo explicativo do que é bean to bar. A Zélia também fez uma lista em 2017 com mais produtores do que eu relato por aqui.Está com medo de engordar muito? Chocolate de alto teor de cacau é, surpreendentemente, mais calórico que o ao leite. Mas tem menos carboidratos e sacia mais, evitando que você coma sem parar. Medo de não gostar? Eu nunca gostei de Lindt 70%, 80%… sempre amarrou minha boca. Mas a adstringência dos que eu citei aqui é bem menor. Tweet Padrão literaturaSites e truques para achar registros dos seus ancestrais italianos, portugueses e outros Sempre achei cafona buscar a árvore genealógica da família. Comos e fosse uma corrida para se provar europeu. Bem, fui picado pela curiosidade, para deixar de herança para meus filhos. Além da consulta em cartórios do Brasil, que vão te dar datas e pistas importantes para achar seus antepassados, é fundamental consultar alguns sites da internet:Para imigração mais recente, procure nessa coleção do family search, que indexou os cartões de imigração de 1902 a 1980: https://familysearch.org/search/collection/2140223Foi lá que encontrei os ta-tataravos ucranianos de minha filha, Andrei e Tatiana Turczyk, pais de Jakub; assim como os seus tataravos italianos, Pasquale Vulcano e Filomena Parrilla. Em um bonito cartão:Há diversas outras coleções de São Paulo no family search aqui. Mas alguns não estão indexados, como a hospedaria de imigrantes de 1882 a 1925.Mas não se apavore! Você pode encontrar esses imigrantes mais antigos sem folhear cada página, indo no acervo digital do museu do imigrante ou no arquivo nacional:Hospedaria de imigrantes, onde encontrei meus tataravos Valentino e Giulia Aiello e meus bisavôs Domenico Menegon e Maria Foratto: http://200.144.6.120/memoriaimigrante/pesquisa.php?&tipo=Desembarque%20com%20base%20nos%20LivrosNo museu do imigrante você também pode fazer semelhante pesquisa: http://museudaimigracao.org.br/acervodigital/livros.phpE ter como resultado algo bonitinho e pomposo: Qualquer dica de outros sites é muito bem vinda!Tweet Padrão literaturaJulieta e o sumiço de Peppa Eu tinha mais uma reunião na Avenida Paulista, às 16h00. Dessa vez no novo café do Mirante da 9 de Julho, que fica ao lado do MASP. Como estava na região do Paraíso, resolvi ir a pé.Próximo ao hospital Santa Catarina, dois agentes do Greenpeace me dão ‘Boa tarde’ com os braços estendidos. Passo ileso. Avisto o senhor que vende ‘Papyrus importado do Egito’ e suas relíquias. É aí que encontro uma banca de bonecos artesanais e mesmo de longe reconheço a má educada Peppa Pig. Rónc rónc. Ela tem o tamanho ideal e cabe na minha bolsa. Penso: “A Julieta vai amá-la mais ainda”. A artista é simpática porém não me perdoa: R$ 30. “Faço R$50 se você levar o George”. Exagero, dáp só a menina. Passo o restante do dia imaginando qual será a reação da Julieta, minha afilhada de 2 anos, que aprendeu a dançar balé com esta porca e a madame Gazela.Perto das 19h30 chego à casa de meus pais. Julieta está lá, com os avós. Ela percebe a existência de um pacote parece que pelo cheiro! “Pesenti”. Pede ajuda para abrir. “Peppa”. É isso aí, e o match é perfeito.Depois da janta, meu pai decide buscar um remédio na casa de minha irmã, mãe de Julieta. Minha mãe e minha irmã ficarão em casa. Fica a 5 minutos de casa e eu aproveito para pedir carona. Minha afilhada não fica para trás e “qué passia”. Descemos os três para a garagem. “Péppa”! Sim, pode levar a Peppa. Descemos os quatro para a garagem.Dentro do carro, preparamos Julieta no banco de trás. Percebo que ela se distraiu e deixou a porquinha ao lado da cadeirinha. Resolvo dar um susto na pequenina e coloco a Peppa em sobre o teto do carro, do lado de fora, só para escondê-la um pouquinho. Enquanto isso, temos diversos problemas com o fecho da cadeirinha.Nunca imaginei que passaria por uma situação dessas. Fechar o cinto de segurança dessa cadeirinha é simplesmente rocket science. São três plugues que precisam se encaixar simultaneamente, sem muita clareza. Meu pai de um lado do carro, eu pelo outro, ambas as portas traseiras escancaradas. Parecíamos mecânicos em uma tarefa complicada. Tenta daqui, tenta dali e, somente depois da Julieta comunicar uma dica com os dedinhos, logramos êxito. Partimos. O caminho até a casa da mãe de Julieta é bastante conhecido pela menina. Grita “Bolo!” indicando a proximidade da padaria que frequenta. “Farmácia!”, “Parquinhu!”, “Casa!” e continua acertando as diversas localizações. Ao chegar, meu pai decide subir ao apartamento de minha irmã sozinho para buscar o remédio e eu fico com Julieta aguardando no carro. Assim que a porta é fechada, Julieta me indaga: “Cadê Pêppa?”.Cadê a porca!? Eu consegui concluir tudo em um átimo, mas ainda tentei procurar. No chão do carro? Nada. Ao lado da cadeirinha? Nada? “Peppa, peppa tiu Paulu”. No banco da frente? “Queru Péppa”. Até esse momento, ainda havia sorrisos no rosto da garota. O desespero tomava conta do meu. Maldita suína, eu a esqueci em cima do carro!Abro a porta para olhar sobre o carro em uma tentativa que não tinha chance de sucesso: o caminho possui várias ladeiras. Peppa Pig escorregou em algum lugar do caminho. Uma porquinha tão jovem tinha poucas chances de sobreviver sozinha à noite nas ruas paulistanas.Meu pai chegou enquanto eu ainda estava atônito. “Peppa, tiu Paulu”. Meu pai, ainda sem saber da história, formou coro com a neta: “Onde está a Peppa Juju”? Explico-lhe o ocorrido e ele dá risada ao mesmo tempo que pensa em uma solução. “Cadê Péppa? Peppa! PEPPA PEPPA PEPPA”. A situação piora.Ligo para minha irmã. “Ana, você pode descer e fazer o caminho do carro?”. Ela decide sair à caça da pequena animala mesmo de pijamas, pois sabe da importância da missão. “Peppa, tiu Paulu, Juju quer Peppa”. Meu pai está me levando para casa e eu tenho elucubrações sobre quando poderei ir novamente à Paulista comprar uma nova Peppa, ou ao menos pechinchar o solitário George pelos R$20 de diferença.De repente, via Whatsapp, recebo uma única mensagem da minha irmã. É uma imagem. Recomendo discrição ao rolar a página, pois a cena é forte.A porca passa bem. Julieta melhor ainda, mesmo sem ainda reencontrar o objeto de desejo. Meu pai me deixa em casa e eu vou me deitar com a tranquilidade de saber que minha afilhada terá uma infância tão boa quanto a minha: com desenhos duvidosos, tios que mimam e bonequinhos hipinotizantes. Pela manhã, minha mãe me conta que Julieta dormiu agarrada à porca.Titio bobinho.Tweet Padrão literaturaLe Bourgeois gentilhomme sou eu mesmo Tinha lido a peça e pela primeira vez fui assistir a ela. Quem não se enxerga um pouco no senhor Jourdain? Querer conhecer as “belas coisas do mundo”, assim como os outros daquela outra classe social.Durante a peça, o ponto mais encantador não foi descobrir que falo em prosa desde que nasci. Incrível foi ver, durante a lição do filósofo sobre as vogais, que não apenas o sr Jourdain estava ridiculamente praticando o a-e-i-o-u: a plateia toda, sabendo ou não, também repetia cada movimento do lábio ensaiado pelo professor.Dizem que algo parecido acontece com o Inspetor Geral. Espero ter a oportunidade de também vê-la encenada.Tweet Padrão cotidianoO misterioso caso do colchão do presidente da NASA Retirada do dente do siso. Cancelamento do seu vôo em última hora. Exposições do Romero Britto. Um textão político no Facebook. Tudo isso é fichinha perto da compra de um novo colchão.Noites mal dormidas e dores nas costas são os primeiros sinais. O colchão é o mesmo há seis anos, hora de procurar um novo. “Alô mãe, onde compra colchão?“. Em São Paulo, há uma região para tal. Na Avenida Ibirapuera, próximo ao shopping. Infelizmente fui convencido a ir até lá.Há cerca de 6 ou 7 lojas uma ao lado da outra, com nomes estranhos cheios de anglicismos. A primeira loja possui um amplo estacionamento, onde Marcela e eu somos recebidos, com um enorme sorriso, por Clayton. Clayton é eloquente e sempre sorri. Preferimos um colchão mais firme, e somos conduzidos para experimentá-los. O ritual é repetido inúmeras vezes. Deita-se de lado, com a cabeça em travesseiros plastificados, podendo estender os pés, mesmo calçados, em cima do colchão. Há uma curta capa protetora sobre essa parte da cama para evitar sujá-la. Todos se parecem muito, temos sorte de ter o atencioso Clayton por perto para explicar as sutis diferenças:“Molas ensacadas, isoladas, perfumadas, envelopadas e galvanizadas“. Não sei a diferença. Ah! Algumas vezes ele citava bambu. A ideia de dormir em bambus não me era agradável.“Tem a espuma da NASA“. Wow! Da NASA! O que isso quer dizer? Devo dormir naqueles sonhos em que você se sente em queda livre, para imitar um ambiente sem gravidade? É uma espuma que afunda de forma meiga, desenvolvida pelos ‘cientistas americanos’. E basicamente todos têm o tal material.“Este outro é o colchão da suíte presidencial do Hotel Fasano“. Deve ser bom. Não conheço o hotel, mas tem o nome de restaurante caro. Além disso, presidente não deve dormir mal, não é mesmo?“Custa R$ 7.800, mas consigo fazer pra você por R$ 2.400“. Valeu, companheiro! Se não fosse Clayton, o que seria de mim?Estava um pouco incomodado, achando o vendedor grudento demais e tentando me enrolar. Decidimos sair. Mas como? A insistência aumentou. O Colchão que sairia 2.400 reais já havia atingido incríveis R$ 2.000 redondos em 8x. Clayton nos avisou que a qualidade dos colchões da concorrente ao lado eram muito inferiores. Pediu por favor deixe aqui o carro, para você voltar à loja e comparar os colchões antes de comprar, tenho certeza que você vai voltar. Deixamos.Tentamos a segunda loja. Ao entrar, o susto foi grande: por que tantos médicos saídos do hospital estavam comprando colchões naquele exato momento? Ah! Não eram médicos. Eram vendedores que usam jaleco. E o Dr Colchão então nos disse:“Essa marca é importada, e agora fabricam no Brasil“. A mensagem é dada de forma tão rápida que é impossível dizer ao certo se o produto é nacional ou estrangeiro. “É o colchão da suíte presidencial do Hotel Fasano“. Caramba. Você não leu errado. Outra marca que é usada no Fasano. Esse hotel muda de colchão como quem troca de lençol.“Perfect Super Elegant Comfort Extra Plus“. Que é melhor que a versão sem o Plus. Seja lá o que quer dizer. Só faltou ser gourmet. Da terceira loja em diante, o procedimento se repete. Já experimentamos tantos colchões que não podemos dizer a diferença entre eles. Voltamos à primeira loja para buscar o carro, de maneira bem discreta para não atrair a atenção de Clayton, que deve ter ficado um pouco chateado de termos usado o estacionamento e não fechado a grande negociação de 7.800 por apenas 2.000.Seis meses depois. Sim, seis meses pra passar o trauma. Um sábado com águas de março em São Paulo. Estacionamos na rua Augusta, corremos sem guarda-chuvas até mais uma loja de colchões. Experimento o primeiro. Sou o único, pois Marcela se nega. Não quer participar do drama. Cabeça no travesseiro, tênis em cima da capinha protetora. Danilo, o vendedor-sem-jaleco, diz que é o mais firme que possuem. Pergunto, com muito cuidado, qual seria o melhor colchão que a loja possui. Marcela prefere nem olhar. Ele aponta para um outro e se mantém quieto. Marcela vai ver travesseiros para passar o tempo, continua sem vontade de participar da busca sem fim. Danilo mostra mais um. Nenhuma menção a hotel algum. Nenhuma menção a uma agência espacial. Repito o ritual do teste, que novamente não indica muita coisa. “É esse!”. Em 30 minutos, estávamos saindo.O colchão chega essa semana. Torço para que seja tão bom quanto dormir no tal hotel Fasano. Obrigado Danilo por me fazer recuperar a fé nos vendedores de colchões.Tweet Padrão filmes, políticaO que Titanic me ensinou sobre Esquerda e Direita Era meu primeiro ano de Engenharia na Poli. Seguia os passos de papai e era um fervoroso militante de esquerda. Sentia-me acuado. A Poli é chamada de “ambiente reaça” pelos uspianos. Difícil discutir política numa porção de terra cercada de ‘coxinhas’ por todos os lados. Eu precisava de mais argumentos para minha luta.Foi então que James Cameron lançou Titanic.Sim, Titanic. Foi esse colosso de aço a minha grande cartada. Finalmente adquiria a prova cabal de como a ‘grande mídia’, em especial Hollywood, mantinha o mundo sob o jugo do ‘capital financeiro’. O filme destruía a ideia de que a mobilidade social seria desejável. Como? Mostrando, nem tão subliminarmente, que ser pobre é mais divertido que ser rico. Pobre é bondoso, rico é malvado.Jack conhecia Monet, a arte do belo, vivia sem grandes preocupações. Tinha sorte no jogo. Rose estava presa às atribulações do cotidiano, constantemente sufocada pelas amarras da alta sociedade. Tinha azar no amor.Jack era livre. Rose não.Jack sabia cuspir. Rose não.Aff, que vida hein Rose? Dinheiro não compra felicidade, falei.Todos conhecem o final, mas vale relembrar como o rico-malvado termina: ele se suicida após uma queda da bolsa. Ah, e ele batia em mulher! E você também não lembra do nome desse pilantra. Porco capitalista.Mas ainda há minha cena preferida. O clímax da teoria. A dança de Rose nos compartimentos da terceira classe. Veja você mesmo:O estilo da vida dos ricos era um tédio. Não há música, não há diversão. Apenas falsidade, comidas estranhas e roupas incômodas. E no porão do navio? Pode tirar o salto alto e dançar “como se ninguém estivesse te olhando“. É quase como prever o futuro dos memes do Chapolin Sincero ou da Gina Indelicada no Facebook. “Ah! como a vida é mais divertida sendo pobre e viajando de terceira classe. Por isso, contente-se com a sua vidinha aí. Se você fosse rico, tudo seria muito pior”, concluí. Seria o filme imperialista?Desde então, eu adorava ver filmes pop com toques de visão política. Ainda gosto. Do anti-imperialismo clássico de Syriana às interpretações no mínimo estranhas de Stalker, passando pela paixão do banqueiro (oi?) Walter Salles em Diários de Motocicleta. Michael Moore, também.Fui ficando velho e endireitei-me (ha!), como em Edukators. Minhas impressões mudaram um pouco.A cena da dança de Rose, onde os ratos abundavam, começou a me lembrar de Joãosinho Trinta. “O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual?”. Seria a vida dos miseráveis da terceira classe tão vibrante e colorida? Melhor a mortadela ao caviar?Jack faz o passo a passo do monomito. É o herói a ser seguido, a combater o mal e as injustiças do mundo. O filme deixava claro o tal padrão capitalista de priorizar os ricos, deixando os pobres afundarem e morrerem sem nada, literalmente. O proletariado deveria então se unir e combater as forças de Billy Zane. Seria o filme marxista?Não se engane, críticas bem elaboradas à classe média e ao ‘sistema’ ainda são meu fraco. Beleza Americana e a falsidade moral, Revolutionary Road e como o ‘sistema’ pode te subverter (sim, gosto de Sam Mendes, Caprio e Winslet). Também Up in the Air, Dogville e American History X. Blockbusters que muita gente viu e dá para fazer paralelos políticos interessantes.Mas e aí? O que Titanic me ensinou sobre Esquerda e Direita? Nada! E durante muito tempo eu cri que era insano. Ninguém poderia fazer um filme tão maniqueísta para posicionar-se politicamente, seja de esquerda ou de direita. Até James Cameron filmar Avatar.Tweet Padrão literaturaO nascimento da consciência Hoje, li um trecho de Brodsky, na eterna tentativa de obter algo de cada nobel da literatura. Curiosamente o texto aborda uma questão da que sempre gostei: em que momento nasce a consciência em uma criança? Quando é que passamos a ser?A definição de Brodsky pode ser poética, mas sem dúvida interessante: “a verdadeira história da sua consciência começa com sua primeira mentira“.Ele ainda relembra a primeira mentira que contou na vida. Na União Soviética, ele precisava preencher o formulário de cadastro para a professora. Há o campo cidadania e o campo nacionalidade. Em cidadania, ele era russo, mas na nacionalidade respondeu não saber. Mentiu. Sabia que era judeu. A professora mandou voltar pra casa e perguntar aos pais. Tanta coisa ao mesmo tempo…Lembra-me seu conterrâneo e também vencedor do Nobel. Nabokov disse que a literatura não nasceu quando alguém contou uma história, e sim quando o menino mentiu que havia um lobo e gritou por ajuda. O cry wolf.Tweet Padrão literatura, religiãoA definição de niilismo? Pondé diz uma coisa, seu professor diz outra e encontramos uma terceira abordagem em Dostoiévski. Passivo, ativo, contemporâneo, trasnvaloração, nenhum valor, etc. Tenho bastante dificuldade.Lendo o Homem Revoltado, de Camus, encontrei algumas citações a Nietzsche que parecem se encaixar bem. Infelizmente Camus cita Nietzsche livremente, sem fazer a referência a qual aforismo de qual livro se trata. “O niilista não é aquele que não crê em nada, mas o que não crê no que existe.”Para mim, essa definição ajuda bastante. Outras passagens reforçam:“Se o niilismo é a incapacidade de acreditar no que existe, seu sintoma mais grave não se encontra no ateísmo, mas na incapacidade de acreditar no que existe, de ver o que se faz, de viver o que é oferecido“.Um exemplo disso? “O cristianismo acredita lutar contra o niilismo, porque ele dá um rumo ao mundo, enquanto ele mesmo é niilista na medida em que ao impor um sentido imaginário à vida impede que se descubra seu verdadeiro sentido“. E passa a também raciocinar sobre o niilismo do socialismo.Tweet Padrão literaturaPrincesa da Babilonia e feliz 2014 Resume bem meu objetivo de vida.“il l’employait (sa vie) à faire du bien, à cultiver les arts, à pénétrer les secrets de la nature, à perfectionner son être.” “Ele empregava sua vida a fazer o bem, a cultivar as artes, a penetrar nos segredos da natureza e a melhorar o seu ser.”Voltaire, princesa da babilonia.Tweet Padrão Navegação do post ← Posts antigos

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